ORIGEM DA FESTA DE CORPUS CHRISTI
A solenidade de Corpus Christi, celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após a Oitava de Pentecostes, foi instituída pelo Papa Urbano IV, em 11 de agosto de 1264, principalmente por dois acontecimentos:
- uma visão de Santa Juliana de Liège, religiosa agostiniana belga, e
- um milagre eucarístico ocorrido na cidade de Bolsena, na Itália.
O Papa que instituiu Corpus Christi conheceu pessoalmente ambos os acontecimentos.
Santa Juliana, com a idade de 16 anos, teve uma primeira visão, que depois se repetiu várias vezes nas suas adorações eucarísticas. A visão apresentava a lua no seu mais completo esplendor, com uma faixa escura que a atravessava diametralmente. O Senhor levou-a a compreender o significado daquilo que lhe tinha aparecido. A lua simbolizava a vida da Igreja na terra, a linha opaca representava, ao contrário, a ausência de uma festa litúrgica, para cuja instituição se pedia a Juliana que trabalhasse de maneira eficaz: ou seja, uma festa em que os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento.
Pela boa causa da festa do Corpus Christi foi conquistado Tiago Pantaleão de Troyes, que conhecera Santa Juliana. Foi precisamente ele que, tendo-se tornado Papa com o nome de Urbano IV, em 1264, instituiu a solenidade do Corpus Christi.
Em 1263 — um ano antes da instituição de Corpus Christi —, um padre alemão, chamado Pedro de Praga, parou na cidade de Bolsena depois de uma peregrinação. Era ele um padre piedoso, mas que tinha dificuldades para acreditar que Cristo estivesse realmente presente na Hóstia consagrada. Eis então o que lhe aconteceu:
Enquanto celebrava a Santa Missa, mal havia ele pronunciado as palavras da consagração, quando sangue começou a escorrer da Hóstia consagrada, gotejando em suas mãos e descendo sobre o altar e o corporal. O padre ficou imediatamente perplexo. A princípio, ele tentou esconder o sangue, mas então interrompeu a Missa e pediu para ser levado à cidade vizinha de Orvieto, onde o Papa Urbano IV então residia.
O Papa ouviu o relato do padre e o absolveu. Iniciou-se uma investigação imediata. Quando todos os fatos foram confirmados, ele ordenou ao bispo da diocese que trouxesse a Orvieto a Hóstia e o pano de linho contendo as manchas de sangue. Juntamente com arcebispos, cardeais e outros dignatários da Igreja, o Papa realizou uma procissão e, com grande pompa, introduziu as relíquias na catedral. O corporal de linho contendo as marcas de sangue ainda está reverentemente conservado e exposto na Catedral de Orvieto.
Depois disso, o Papa pediu que Santo Tomás de Aquino compusesse os textos litúrgicos referentes a Corpus Christi, que todos cantamos ainda hoje.
Mas qual a importância desta festa para nós?
Lembremo-nos dos três fins com que Jesus pediu essa festa a Santa Juliana: “aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento”.
Corpus Christi é um dia de reparação pela falta de fé generalizada do mundo atual. Reparação porque, apesar de tantos milagres eucarísticos, como o de Bolsena, em que Deus parece gritar aos nossos ouvidos a verdade de sua presença real na Eucaristia, são poucos os católicos que tem momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento.
Reparação porque, a um Deus que deseja ardentemente se unir a nós, a nossa resposta tantas vezes é a frouxidão, a frieza, a indiferença.
“Corpus Christi” é uma festa “para aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento”.
Reparemos, portanto, o Coração Eucarístico de Nosso Senhor, mas com um coração alegre e agradecido de nossa parte, porque é Ele mesmo quem nos torna possível essa graça. Foi o próprio Jesus Cristo quem pediu à Igreja, quase um milênio atrás, que fosse instituída a solenidade de Corpus Christi.
Procuremos amar Nosso Senhor Jesus Cristo no Sacramento do Altar, Vamos encontrar um tempo para estar diante do Santíssimo Sacramento, em adoração.