Santo Inácio de Antioquia

O próprio Santo Inácio de Antioquia se deu o nome de “trigo de Deus”, pois — ele dizia — “serei moído pelos dentes das feras para me tornar um pão puro”.
É em uma de suas cartas que consta pela primeira vez, também, a expressão “Igreja Católica” para se referir à comunidade dos primeiros cristãos. “Onde quer que se apresente o bispo, ali também esteja a comunidade”, ele escrevia aos cristãos em Esmirna, “assim como a presença de Cristo Jesus também nos assegura a presença da Igreja Católica”. Suas palavras foram escritas no início do século II.
Muitos autores atestam que Inácio trazia gravado em seu coração, literalmente, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O bem-aventurado Inácio, mesmo no meio de tantos tormentos, não deixava de invocar o nome de Jesus Cristo. Como seus carrascos perguntassem por que repetia com tanta frequência este nome, ele respondeu: “Trago este nome escrito em meu coração, e é por isso que não posso parar de invocá-lo”. Depois de sua morte, aqueles que o tinham ouvido falar isso quiseram confirmar o fato, tiraram seu coração do corpo, cortaram-no em dois e encontraram no meio, escrito com letras de ouro, o nome “Jesus Cristo”, o que levou muitas pessoas a se converterem. ***
Também Santo Tomás de Aquino, em uma parte de seus comentários à Oração do Senhor, conta o mesmo fato, com ligeiras diferenças. Diz ele que Santo Inácio:
Tanto amor teve ao nome de Cristo que, instado por Trajano a negá-lo, respondeu que esse nome nunca lhe sairia dos lábios. Como este ameaçasse cortar-lhe a cabeça e, assim, tirar-lhe da boca o nome do Senhor, Inácio contestou que, ainda que lho retirasse dos lábios, jamais poderia expulsar-lho do coração: “Tenho, pois, o nome de Cristo impresso em meu coração”, disse, “e por isso não tenho como deixar de o invocar”. Tendo-o ouvido e ansioso por saber se era verdade o que dissera, Trajano mandou decapitá-lo e, feito isso, que se lhe extraísse o coração, no qual viu inscrito em letras douradas o nome de Cristo, que o santo ali gravara como um selo.
*** Não se sabe se é verdadeira esta história do nome de Jesus impresso no coração de Santo Inácio. Mas isto é o menos importante. Ele é um exemplo a ser seguido; um homem que, mesmo com o risco de morte, não deixou se seguir Jesus e invocar seu santo nome.
Lendo esse fato da vida de Santo Inácio, é impossível não lembrar o caráter que nos é impresso na alma quando somos batizados. “O Batismo imprime na alma um sinal espiritual indelével”, diz o Catecismo da Igreja Católica (§ 1280). O que aconteceu com a carne do coração de Inácio é o que acontece com todos nós no dia em que nascemos da água e do Espírito (cf. Jo 3, 5).
“Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias da tua vida passada. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Não te esqueças de que foste libertado do poder das trevas e transferido para a luz e para o Reino de Deus.” São Leão Magno
Possa o testemunho de Santo Inácio, trucidado pelos leões para não prestar culto aos deuses romanos, inspirar em nós o desejo de antes morrer do que pecar, de antes derramar o nosso sangue a profanar o templo do Espírito Santo que somos nós (cf. 1Cor 6, 19)! Assim, conformando nosso modo de viver àquilo que já somos por ação da graça batismal, haverá em nossas vidas sintonia de alma e corpo, de boca e coração, como houve na vida deste grande servo do Altíssimo.
Santo Inácio de Antioquia,
rogai por nós!